Eu amo.
E amo com uma ferocidade e
loucura tamanhas,
que só não saio por aí
rodopiando pelos ares
(feito balão que se esqueceu de
amarrar a boca),
porque escrevo.
Esse lirismo comedido – virtude
pós-moderna –
não me serve.
Eu sou um fraco.
Mas prefiro a fraqueza do amor à
robustez da indiferença.
O arquiteto que me perdoe, mas
minha construção é feita de tênue alvenaria.
Daquela que com o mais casto
toque sai voando,
e pousa
em qualquer terreno,
afável ou grosseiro.
Eu amo.
E amo tudo quanto existe e é passível
de amar.
E invento também.
Porque a realidade não me basta.
Crio venturas e desventuras,
verossímeis ou surreais,
não há disparate no meu mundo,
pois tudo é belo quanto a mulher
que passa.
Eu amo!
E amo aquilo que fere, que é
áspero, árduo, indócil,
porque amar é humano,
mas padecer por amor...
é celestial.