Mote e glosa

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Porque repousas em sonho,
enquanto vigilo no escarlate de tuas mãos
e porque renasces para o imprestável,
enquanto me presto a colorir tuas ilusões.
Porque edificas proezas, conquistas,
enquanto eu sou o eco que as reverbera
e porque a boca te diz no pretérito,
enquanto as mãos te pensam no presente.
Resguardo-me em poesia.
Imprimo-me no papel com reminiscências de ti, de mim,
e daquilo que ninguém se atreveria a chamar de nós.
Porque essa ninharia, atirada à margem, chamada 'poeta',
se contenta em receber o reflexo do amor que tu dedicas à poesia
que nasce de suas chagas.