Quando a porta abriu e a claridade
entrou,
a poesia, companheira do homem,
esgueirou-se para o escuro que
inda restou.
Esquecida, ela via nossas
acrobacias solares,
os eclipses celestes e os tons
que antecedem
o entardecer de todas as
amizades.
Quando a porta fechou e
anoiteceu,
a poesia, esperança do homem,
alargou-se e preencheu-se do
breu.
Lembrada, esqueceu a traição de
outrora,
tomou minhas mãos, murchas de
desdém,
e guiou-me pela noite cá dentro e
lá fora.
Outros crepúsculos virão até que
reste
a poesia, compreensiva do homem,
e me leve aonde não há porta que abra ou feche.
e me leve aonde não há porta que abra ou feche.