Poema em branco e preto

1

Quando a porta abriu e a claridade entrou,
a poesia, companheira do homem,
esgueirou-se para o escuro que inda restou.

Esquecida, ela via nossas acrobacias solares,
os eclipses celestes e os tons que antecedem
o entardecer de todas as amizades.

Quando a porta fechou e anoiteceu,
a poesia, esperança do homem,
alargou-se e preencheu-se do breu.

Lembrada, esqueceu a traição de outrora,
tomou minhas mãos, murchas de desdém,
e guiou-me pela noite cá dentro e lá fora.

Outros crepúsculos virão até que reste
a poesia, compreensiva do homem,
e me leve aonde não há porta que abra ou feche.

1 opiniões:

Anônimo disse...

Eu te amo.

Postar um comentário