Poema de Aniversário

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Aspiro o silêncio sepulcral da manhã e me preencho de 
vazio.
O horizonte permanece na paz
inabalável
daquilo que existe.
Caminho por entre os mármores frios
e a morte esbarra nas flores que jorram dos vasos.
Toco na pele fria da moldura que encarcera um sorriso.
Somos dois estranhos.
Esboço algumas palavras.
Sinto os olhos úmidos.
Uma lágrima nasce, mas é ríspida demais para se entregar ao chão.
Volta ao útero de onde veio.
Invejo a humildade do orvalho que se entrega ao abismo.
Penso no passado e me orgulho do fracasso que sou.
Despeço-me com promessas e pedidos.
Sigo meu caminho a pensar quando voltarei ao pó
e a manhã repousa com a complacência de quem ambiciona apenas
entardecer.

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